sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sussuros...

Um velho texto:

"Eu te vi tão distante, mas eu pude sentir que era você. Corri em sua direção, então presenciei um tipo de beleza que nunca havia percebido em minha vida, era o meu coração falando sobre o amor.

Esbarrei em você então senti algo que impregnou meu corpo, seu cheiro... Uma cicatriz em minhas memórias. Não agüentei de tanto temor pelo que estava sentindo e me afugentei por de trás dos muros de minha casa.

Segui seus passos, seu cheiro até meu jardim acabar e novamente o mundo nos separar. A noite caiu rápido, sonhei com você, na verdade um pesadelo, pois minha alma me abandonou visitou a sua em um lugar inalcançável, você fugia entre meus de dedos. Acordei com a sensação de perda mais angustiante que o homem pode sentir: ter uma alma incompleta.

Naquela manhã eu senti seu perfume ao longe, corri para fora, a coragem me faltou para atravessar aquele muro que nos separava. Acompanhei o som de seus passos e seu cheiro por toda a extensão de meu jardim. Novamente você se foi e em mais uma manhã perdida em lamentos e memórias.

Outra manhã, mais uma vez a cicatriz da mente palpitou corri para o muro para sentir o som de seu caminhar, a sua fragrância me guiava, sussurrei naquela parede que nos separava todos os despejos de minha alma. Por um instante era como se estivéssemos conectados por um fio tênue que se romperia a qualquer momento, o tempo não passava o espaço não existia, o tudo deixou de ser, o nada que nunca existiu passou a ser, cai ao chão aos prantos de tanta vontade de sentir ao menos mais uma vez o seu toque. Não existia dia a ser vivido ou noite a ser sonhada, só existia aquele instante que tínhamos.

Dias...

Manhãs...

Semanas...

Sempre te seguindo.

Mais uma manhã chegou e você cruzou aquele mesmo pedaço de meio-fio, eu o segui, então veio a pior dos sentimentos a sua dor tornou-se a minha, um simples corte, veio a mim como uma faca na escuridão atravessando o nada sem direção certa. Uma única lágrima irrompeu de seus olhos e veio ao chão, seu coração batia tão forte que pude ouvi-lo, o meu o acompanhou no mesmo ritmo, uma dança sem música a ser ouvida ou corpo a ser guiado. Sua dor, minha dor, uma única dor, novamente conectados e separados. Então fiquei sabendo que você também me sentia. Eu existia não era apenas um lampejo de uma memória perdida.

Tocaste a muralha que nos separava toda manhã como se quisesse me encontrar, sua pele me acariciava sem saber que eu é que te acariciava silenciosamente.

Não suportava mais aquilo, não existia mais lugar em meus jardins ou em meu corpo para agüentar a paixão que me assolava. Corri para fora daquela prisão, cheguei do lado de fora e não vi aquele que roubaste tantas manhãs de solidão.

Uma...

Duas...

Três...

Quatro...

Lágrimas que ofuscaram minha visão.

Foi nesse momento que senti um arrepio que atravessou minha alma como um relâmpago. Seu toque clamava por atenção. Então me virei e meu olhar cruzou com o seu. Minhas lágrimas que ainda rolavam foram capazes de refletir uma história nunca antes ouvida...

Aos sussurros de uma voz muda...

Ao som das batidas do coração...

O tempo se esticou!

O espaço encolheu!

Não existia Universo que não podia ser cruzado, não havia esperança que não podia ser vivida.

Dor deixou de ser sentida e passou a ser clamada...

Prazer deixou de ser e passou a ver...

Amor que antes era tudo passou ao nada que passou a ser..."




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